Alimentação além do prato: a ecologia através dos hábitos alimentares

O que te vem à mente quando lê “alimentação para além do ato de comer?” Reflita alguns instantes. 

Se você pesquisar agora na internet “qual a diferença entre comer e alimentar”, vai ler definições muito similares a esta: “O ato de comer pode ser caracterizado pelo  abastecimento do corpo, enquanto alimentar-se é como um tratamento de saúde para manter o corpo saudável, assim denominada a nutrição.”

Também vai ler que carboidratos, proteínas e gorduras são alimentos indispensáveis para a nossa saúde.

A minha dúvida aqui é, em que momento lidamos com esse tema para além dos nossos benefícios individuais e humanos?

Para além do “alimentar-se e comer” existe o tema central ALIMENTAÇÃO, que envolve muito mais do que dicas e conselhos que já nos deram sobre como devemos nos alimentar, o que devemos ou não comer, o que é saudável ou não.

Quero aqui explorar contigo o tema alimentação para além dos benefícios humanos. Como uma forma de relacionar-se com o todo de maneira energética, emocional e ecológica.

Para desenvolvermos nosso pensamento crítico e abrir espaço nas caixinhas padronizadas da nossa mente, quero dizer que acabo de mudar o título desse artigo de “Alimentação para além do ato de comer” para “A ecologia da alimentação”.

E agora? O que te vem à mente quando lê o novo título?

A alimentação ecológica nos traz clareza de que nosso organismo individual e humano, que tanto questionamos como manter saudável, só se tornará integralmente saudável quando passarmos  a nos relacionar com o organismo central que nos nutre e nos sustenta. A natureza, a Terra.

Como diz Ana Primavesi no seu livro “Manual do solo vivo” – Solo Sadio, Planta Sadia, Ser Humano Sadio.
Faz todo sentido né?

Tente pensar no seu último prato de comida. Visualize o que tinha ali. Que alimentos estavam presentes. Se sentir, escreva sobre, desenhe, use sua arte para expressar o que vê.

ALIMENTAÇÃO ECOLÓGICA NA PRÁTICA

Para trazer a alimentação ecológica pra prática é preciso olhar pro nosso prato de comida com mais atenção e presença: O que tem ali? De onde esse alimento veio? Quantos quilômetros ele viajou para chegar até você? Fez viagens de caminhão, navio ou avião? O quão vivo ele está? Quem são as pessoas que trocaram energia com esse alimento? Será que esses alimentos são da minha região? Da atual estação? Como será que foi feito o plantio desses alimentos? Com ou sem agrotóxicos? 

São infinitas as perguntas que podemos fazer ao olhar para nosso prato de comida. Aí está uma super oportunidade de se relacionar ecologicamente com o tema Alimentação. 

Pra gente sistematizar ainda mais esse assunto, quero trazer algumas citações do livro “A energética dos Alimentos” – a força espiritual, emocional e nutricional do que comemos, de Steve Gagné, que legitimou muito do que eu sinto e vejo sobre o tema.

“Em uma época distante, tanto em civilizações tribais quanto desenvolvidas de uma era dourada, os alimentos eram uma parte integral das filosofias vivas que formavam e desenvolviam o caráter humano” 

“”… o conhecimento era obtido da experiência e da sabedoria ancestral”

“O desligamento maior da humanidade dessa intimidade com alimentos nutritivos e a sabedoria obtida a partir dos nossos ancestrais é relativamente recente”

“… à medida que os alimentos se tornaram mais industrializados e refinados, as pessoas se afastaram cada vez mais da fonte do seu alimento, o que levou a esse conhecimento alimentício a desaparecer, substituído por tradições fragmentadas e imitações vazias”

“A cura na Era Industrial tem pouca relação com a integridade ou a saúde”

“Nos dias de hoje os “cuidados com a saúde”, correspondem essencialmente a “cuidados contra doenças”…”
“…uma grande mudança precisa ocorrer na percepção que as pessoas têm do paradigma convencional da alimentação e saúde” 

Nossa percepção de alimentação se tornou muito utilitária durante o percurso da nossa história. Desde quando a necessidade de nos abastecer de alimentos atrelou-se à expansão e mobilidade do ser humano, perdemos muito do nosso relacionamento íntimo, intuitivo e sútil com a sabedoria que a natureza nos proporciona.

Agora gostaria de propor que da próxima vez que você estiver com uma refeição em mãos, que você faça o exercício de olhar para a comida como um laboratório de pesquisa e aprendizagem sobre sua história enquanto humano, suas emoções, sua energia, e sua relação com a ecologia. 

Reveja os questionamentos abordados neste texto. Dê asas para seus pensamentos. Talvez você tenha uma conclusão similar à minha, de que olhar para esse tema nos traz oportunidade de nos relacionar com absolutamente TODOS os temas que envolvem a nossa existência e a existência do Planeta Terra. O alimento como sendo a maior rede social do mundo nos possibilita articular sobre assuntos ambientais, políticos, sociais, habitacionais, culturais, emocionais, e por aí vai.

Da próxima vez que for pensar sobre o que é de fato alimentação saudável, lembre-se da Ana Primavesi. Será que o que eu considero saudável pra mim, também é saudável para outros seres que dividem espaço comigo nesse Planeta Terra? Será que essa alimentação é saudável pro solo? 

DIÁRIO ALIMENTAR

Hoje, estou cheia de propostas 🙂 e por isso quero trazer uma atividade que aprendi quando me formei em 2016 em Health Coach pela Integrative Nutrition. O Diário Alimentar.

Fazer um diário alimentar vai te aproximar na prática de todos os temas abordados até aqui e seu corpo vai se tornar um laboratório vivo de percepções, sensações e conclusões.

Como funciona: basicamente você precisa anotar todos os dias sobre como tem se alimentado, para além do prato de comida, é claro. Sugiro começar com um período de 21 dias, pois é um período chave para tornar a mudança de hábitos consistente.

Para isso faça 3 colunas, pode ser no bloco de notas do celular, num caderno, numa página de word, enfim, como for melhor para você, o importante é comprometer-se com o exercício. As 3 colunas serão: o que comi, o que senti fisicamente e o que senti emocionalmente.

Na coluna “o que comi”, você ainda pode colocar informações sobre a origem desse alimento e quem o preparou. Na coluna “o que senti fisicamente” busque anotar percepções como: dor de cabeça, cólica, enjoo, secreção nasal, estufamento abdominal, gases, sonolência, dor nas articulações, fraqueza, entre outros sintomas. 

Já na coluna o que “senti emocionalmente” busque informações como confusão mental, lapsos de memória, cansaço mental, angústia, tristeza e outros. Aqui, foram citadas algumas percepções negativas, mas também é importante anotar as positivas como: disposição física e mental, alegria, foco, clareza, etc.

Busque reservar um horário para fazer esse exercício diariamente e, aos poucos, busque observar relações entre as 3 colunas.

Questionamentos que podem ajudar na percepção: o que eu comi me provocou dores abdominais e angústia? A disposição que estou sentindo hoje tem a ver com o que comi? Como esse alimento foi preparado e de onde ele veio?

Será que muitas das vezes que pensamos estar com fome, na verdade, não é apenas vontade de comer? Uma forma de usar o alimento como muleta para as próprias necessidades emocionais? Será que eu não estou  “descontando na comida”  minhas fraquezas e carências de algo ou alguém que não tem nada a ver com o alimento?

QUAL É A DIFERENÇA ENTRE FOME E VONTADE DE COMER?

É fato que o alimento tem um papel extremamente importante nas nossas emoções. Dito isso, é normal usarmos o alimento para lidar com nossas emoções. A diferença entre fome e vontade de comer começa no entendimento do que é fome física e fome emocional.

A fome física corresponde à necessidade fisiológica do nosso organismo de obter combustível para manter as funções vitais do corpo em pleno funcionamento. Aqui o combustível é o alimento. Quando estamos de fato com fome, qualquer alimento que se apresente disponível à nossa frente poderia saciar essa necessidade.

A fome também provoca sensações físicas como baixa energia, estômago roncando e dores de cabeça. Caso você não saiba identificar essas sensações, um bom exercício é permanecer mais tempo que o usual sem comer e buscar perceber fisicamente os sinais que seu corpo trás. Aos poucos, entender o que é sentir fome, de fato.

A vontade de comer passa pela fome emocional, que é quando usamos o alimento para lidar (ou não lidar) com questões emocionais como ansiedade, tristeza, alegria…

A fome emocional pode ser uma ferramenta benéfica quando precisamos de conforto e usamos o alimento para isso, afinal, na história da humanidade sempre usamos o alimento para funções como relaxar e celebrar. Porém a fome emocional se torna perigosa quando é usada para suprir sentimentos que não sabemos nomear, e vamos num movimento de repetição tentando suprir necessidades emocionais em alimentos, perdendo percepções como o controle, o senso de saciedade e a necessidade do corpo físico de obter comida. Isso é, resumidamente, o que chamamos de compulsão alimentar.

Para reconhecer sua fome emocional, é de extrema importância que você saiba identificar seus sentimentos e observar se esses sentimentos na verdade deveriam ser supridos com outras atividades para além do ato de comer. Atividades como por exemplo: o afeto, o esporte, o contato com a natureza, o prazer de dormir. 

roda dos sentimentos

TERCEIRIZAMOS NOSSA SAÚDE?

Você já parou pra pensar que terceirizamos nossa saúde o tempo todo? 

Seja para indústria ou para a medicina. Nos tornamos reféns da opinião e avaliação do outro, nos distanciando de um dos nossos bens mais preciosos: nossa consciência. 

No caso médico, este diário alimentar vai te ajudar muito a nomear seus sintomas e ajudar em diagnósticos, é muito provável que inclusive diminua suas idas a farmácias e postos de saúde, pois você saberá exatamente o que está acontecendo com seu físico, mental e emocional. Aos poucos, você vai construir uma percepção sutil e consciente sobre o seu ser integral. O ser individual e o ser ecológico que você é.

HONRANDO O ALIMENTO QUE A TERRA NOS FORNECE – COMPOSTAGEM

Você já pensou que ao olhar para a alimentação como essência da ecologia, nós podemos, enquanto humanos, honrar todo o cuidado e sustento que a Terra tem conosco?  

Estou falando de compostagem. Esse tema, com certeza, também é um desses que mudou minha vida, minha percepção de mundo e minha clareza enquanto humana.

Pensar e fazer compostagem é enxergar o ciclo vida-morte-renascimento que a natureza nos proporciona todos os dias, de múltiplas maneiras. Você sabia que 50% de todo o lixo que geramos dentro de uma casa é composto por resíduos orgânicos? Metade do que chamamos de lixo é, na verdade, comida.

Comida que poderia ser aproveitada até o talo e reaproveitada, e comida pro solo.

O que já não te serve mais vira adubo e esse adubo dá nutrientes a novos alimentos. A partir da compostagem a vida pode ganhar mais sentido. Quando começamos a perceber que as ações individuais fazem uma imensa diferença na saúde da nossa casa comum (Planeta Terra), o sentimento de unidade e pertencimento vai se fazendo cada vez mais presente.

A compostagem é peça essencial para a alimentação ecológica. Poderia ficar horas aqui digitando e discorrendo sobre o tema, mas deixarei os detalhes para o próximo artigo. Acredito que já trouxe muitas informações para você pirar o cabeção e exercícios para você colocar em prática. 

Espero ter contribuído para o seu despertar e para o questionamento das suas relações.

Para refrescar e te encorajar a refletir mais sobre o tema, quero repetir aqui uma das citações do Livro a Energética dos Alimentos.

“…uma grande mudança precisa ocorrer na percepção que as pessoas têm do paradigma convencional da alimentação e saúde”

Não se esqueça, a alimentação é muito além do seu prato de comida!

Com amor,
Larissa Colombo.

Sugestões de Leitura:
– Manual do Solo Vivo, de Ana Maria Primavesi;
– A Energética dos Alimentos, de Steve Gagné.
– Cozinhar, de Michael Pollan;

 

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