Artesanato Cearense: a cultura do feito à mão no Brasil

Para compor com as peças leves e fluídas já tradicionais nos verões da Made in Guarda, a coleção Vida Simples traz peças e acessórios do artesanato local cearense. Itens delicados foram produzidos manualmente por quem tem amor pelo que faz e habilidades que também aproveitam materiais naturais.

Bolsas tramadas em palha de Carnaúba, roupas e acessórios em crochê nos aproximam dos valores e saberes manuais de uma cultura antiga, que ainda fazem parte da sustentabilidade de comunidades no país.

A região do Preá, que inspira nosso verão 2022, fica em Cruz, um município do litoral cearense e surgiu como uma pequena vila onde a pesca sempre esteve bastante presente. Sua comunidade é formada por famílias descendentes de pescadores, marisqueiros e rendeiras, profissões simbólicas da cultura local e que representaram o cerne da economia local até final dos anos 1990, quando o turismo começou a ganhar força na região, seguindo os passos da famosa praia vizinha, Jericoacoara.

Durante o tempo que passamos no Ceará, tivemos a oportunidade de conhecer artesãs da região que compartilharam suas histórias, seus trabalhos e motivações.

Made in Nordeste: a linha de peças artesanais e suas origens

Cada peça traz uma história, especialmente, peças de origem artesanal. Para entender melhor o que existe por trás dos produtos Made in Nordeste, compartilhamos uma breve história das artesãs que produziram para nós.

Uru, a bolsa de palha de carnaúba

A bolsa Uru é feita em palha de Carnaúba, palmeira considerada símbolo do estado do Ceará e conhecida como “árvore da vida”. Originalmente, Uru é o nome do cesto utilizado pelos pescadores para armazenar os peixes durante a pesca, que foi estilizado e adaptado para a criação da bolsa. O cesto é vazado e tem um formato mais largo embaixo e estreito na boca, formato ideal para escoar a água e evitar que os peixes não saltem para fora, como nos contou Darcia, artesã que produz as peças em palha.

Darcia mora no distrito Guriu, na cidade Camocim, no Ceará, e trabalha com palha há 19 anos, com o esposo. Quem lhes ensinou o ofício foi a sogra de Darcia, que trabalha com eles até hoje. Nos últimos 5 anos a procura por peças em palha aumentou, então eles intensificaram o uso da palha nas suas criações e hoje trabalham num total de 8 pessoas: Darcia, sua família e alguns funcionários.

Parte do material utilizado em seus diferentes trabalhos é recolhido na natureza. A palha de carnaúba, após coletada, passa 5 dias secando ao sol até que seja possível otimizá-la para começar a produção das bolsas. 

Segundo Darcia, o que mais lhe inspira no artesanato é ver o encantamento dos clientes quando conhecem o seu trabalho, e seu maior aprendizado como artesã é perceber que vale a pena fazer tudo com amor, pois isso resulta nas melhores experiências e em constante aprendizado!

Crochê, texturas que encantam

Também conversamos com Socorro, artesã da cidade de Cruz, e Rita, que mora em Largo Grande, no município de Jijóca. Ambas trabalham com crochê e aprenderam o ofício ainda na infância, com a família ou amigas. Todo o trabalho é manual: elas compram os fios na cidade mais próxima, ou diretamente da fábrica, e depois disso só precisam de suas agulhas para produzir.

Para elas, trabalhar com crochê tem origem na paixão pelo fazer manual e,além de fonte de renda, é um divertimento. Socorro vem de uma linhagem de mulheres artesãs e conta que sua avó de 78 anos faz crochê até hoje.

Socorro também nos contou que, quando começou, ainda criança, ela não via as pessoas ao seu redor produzindo peças de roupa com crochê, mas já pensava que era possível se fazer de tudo dessa forma. Quando começou a trabalhar por conta própria, decidiu investir na ideia das roupas, o que deu muito certo! Isso lhe ensinou que “não se deve desistir fácil dos obstáculos que a vida traz porque um dia você consegue chegar onde você quer”.

Rita também começou a trabalhar por conta própria quando cresceu, ela faz parte da Associação das Crocheteiras Mundo Jeri que conta com 18 artesãs, e também trabalha na feira de artesanato da rua principal de Jeri. Ela nos contou que sua inspiração parte de si mesma, sempre buscando fazer o seu melhor, para si e para os seus clientes.

Para nós, foi um privilégio poder conhecer mais de perto o trabalho dessas artesãs e ter seus trabalhos na coleção, com peças únicas feitas à mão, que transmitem a história das pessoas que produzem.

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